Escolas de Gouveia

 logo-face2  Twitter logo 2012 logo-youtube2 logo-aegradio1
LOGO-MINI logo-eco

logo-eqavet

gap

logo-living

 

 

 

 

 

 


 

Espaços “SNOEZELEN”

salasnozlan

 

“É um ambiente especificamente equipado que transmite aos seus visitantes um sentimento agradável de processos de autorregulação. Através de uma Sala equipada e usada de acordo com as necessidades específicas de cada pessoa, consegue-se a estimulação de intervenções terapêuticas e pedagógicas, tanto como se fortalece as relações pessoais entre terapeuta e paciente. Snoezelen pode ser aplicado com grande êxito na área de pacientes, deficientes e não deficientes”. (Fundação Alemã de Snoezelen, 1999).

 O Agrupamento de Escolas de Gouveia sentia como lacuna, nas diferentes áreas da sua abrangência, a inexistência de um espaço Snoezelen que, nas suas múltiplas funções, pudesse responder de forma diferenciada, eficaz e motivadora, às características específicas de crianças e jovens do nosso Agrupamento.

Sentida esta omissão, que se constituiu objeto de análise em diferentes contextos, não raras vezes, com a Direção deste Agrupamento de Escolas, sempre disponível e empenhada em levar a bom porto este Projeto. O desafio estava lançado e o Projeto Snoezelen foi apresentado à Autarquia, cuja colaboração, empenho e disponibilidade, foram fundamentais para a sua concretização.

Uma vez que o Projeto em causa envolvia avultadas verbas, só no ano letivo 2021/2022 foi possível iniciar o processo, através   da candidatura ao Projeto “Plano de Combate ao Insucesso Escolar”. Este, levado a cabo pelo Município, Direção e EMAEI, maximizando, rigorosamente, recursos materiais e humanos, resultou na criação, não de um, mas de dois espaços Snoezelen, no término do ano letivo 2022/2023.

Digamos, a propósito, que estes Espaços se apresentam dinâmicos, na forma como se constituem em termos de materiais e nos objetivos que traçamos, quando os exploramos.

Ambas as Salas, do AEG, dispõem de material exploratório diversificado, atualmente usado com regularidade semanal, por um público algo restrito - os nossos alunos - principalmente através das docentes de Educação Especial (em articulação com os docentes titulares de turma), Terapeutas Ocupacionais, Psicólogas…, sem horário fixo, nem técnico com funções específicas para tal. Saliente-se a sua excelência, enquanto espaços atrativos e motivadores. Resta torná-los mais ricos ainda, alargando-os a outras valências de exploração, quando tal for oportuno, bem como a um público mais vasto.

 Porquê uma sala Snoezelen?

Génese

O termo Snoezelen surge das expressões: "Snuffelen" (cheirar) e "Doezelen" (dormitar, relaxar, acalmar).

O conceito Snoezelen foi criado na Holanda, na década de setenta, como o objetivo aglutinador de criar uma oportunidade para ocupação do tempo livre de pessoas com deficiências profundas. Visavam, essencialmente, a estimulação de vários sentidos, em substituição das restrições que a própria deficiência impunha. Ao longo dos anos, o conceito Snoezelen sofreu uma evolução diacrónica até se atingir o conceito atual, passível de ser ajustado a todas as áreas de trabalho e atividades sociais.

Este tipo de salas oferece uma seleção de estímulos primários, num ambiente próprio, isolado de estímulos exteriores, e protegido. Tem como grande objetivo levar os utentes a experienciar e a conseguirem captar os estímulos através da luz, sons, cheiros, sabores e tato. Ou seja, este conceito da Sala de Snoezelen proporciona conforto, através do uso de estímulos controlados, e oferece uma grande quantidade de estímulos sensoriais, que podem ser usados de forma individual ou combinada com efeitos da música, sons, luz, estimulação tátil e aromas. Estes dependem dos estímulos que se querem oferecer, da tipologia da Sala e dos materiais utilizados. Porém, independentemente do tipo de Sala, o ambiente terá sempre que ser acolhedor, facilitador e confortável.

Estes espaços favorecem a estimulação sensorial e/ou a diminuição dos níveis de ansiedade e de tensão.

É um ambiente que proporciona segurança, impulsionando o autocontrolo, autonomia, a descoberta e exploração, resultados terapêuticos e pedagógicos indiscutíveis. São descritos como uma atmosfera multissensorial que possibilita estimular os sentidos primários: o toque, o paladar, a visão, audição, o cheiro, não recorrendo às aptidões intelectuais, mas recorrendo a aptidões sensoriais daqueles que os utilizam. A segurança e o relaxamento são sempre estimulados nestes contextos dentro das seguintes possibilidades:

Sala Branca – é a mais comum ao nível da utilização. Tem como objetivo o relaxamento e a estimulação sensorial;

Sala Negra – é caracterizada por uma luz preta que ao se cruzar com as outras existentes, reflete uma luz roxa. Esta Sala tem como objetivo facilitar a aprendizagem nas áreas da orientação espacial, semântica e movimento;

Sala Aventura – os materiais psicomotores e sensoriais são característicos nesta Sala, para que os seus utentes possam transpô-los. Integram: piscinas de bolas, túneis, colchões, rampas de escadas e lisas, painéis sensíveis ao toque ou ao movimento, luzes, aparelhagem sonora, com objetos vários.

A escolha dos materiais está também subjacente aos objetivos traçados, para a intervenção com o utente. O Técnico que intervém na Sala tem toda a liberdade de selecionar os materiais e os equipamentos que vai utilizar na sessão, sendo que a principal seleção é feita pelo utente, de modo que corresponda à resposta pretendida.

 Competências Passíveis de Desenvolver numa Sala Snoezelen

Estes espaços consideram-se privilegiados no desenvolvimento de competências que poderão ser trabalhadas ao nível motor, coordenação óculo-manual; ao nível sensorial e discriminação de sentimentos; ao nível cognitivo, da linguagem e da atenção; ao nível psicossocial, iniciativa, autoestima e motivação com recurso:

- À criação de uma atmosfera adequada (pretende-se a criação de um ambiente securizante, potenciador da atividade e da relação. Luz suave, música calma e voz do técnico controlada, ajudam a criar a ambiência necessária ao desenrolar da sessão);

- À possibilidade de escolher por si próprio (sempre que possível, deve ser dada a escolha da atividade ao utilizador. Deste modo será possível ir ao encontro das suas reais necessidades e motivações, conduzindo depois a sessão ao encontro dos objetivos definidos pelo técnico);

- À possibilidade de escolha do seu próprio ritmo (deve o técnico fazer um esforço para respeitar os ritmos próprios de cada utente. Pretende-se que cada um possa, no seu próprio tempo, vivenciar o espaço de acordo com os seus ritmos próprios);

- À definição da duração da sessão (o técnico deve procurar que seja o utilizador a definir o tempo da sessão. A sessão deve ser conduzida com calma e segurança, não devendo terminar de forma abrupta);

- À repetição sistemática (deve ser permitido repetir a atividade quantas vezes desejar);

- À apresentação seletiva de estímulos (o estímulo sensorial, por ser tão intenso e variado, não deve ser apresentado de forma errática ou massiva. Antes, deve ser selecionado e apresentado de forma organizada e previamente definida);

- À atitude adequada (o técnico, nesta forma de intervir, tem de “descer” ao nível do utente. Pretende-se que o técnico seja interativo, recetivo e crítico face à sua atuação na Sala Snoezelen. Na generalidade das situações o sucesso da sessão não está na atitude do utente, mas na atitude do técnico);

- Ao acompanhamento adequado.

 Equipamento Geral da Sala Snoezelen

Relativamente aos materiais existentes nas Salas Snoezelen, refira-se que não existem Salas iguais, considerando que os materiais são escolhidos pelos profissionais que os ajustam de acordo com as necessidades dos seus utentes ou pacientes. Assim, as Salas acabam por ser únicas e não padronizadas, contudo, a salientar:

- Luzes psicadélicas e música suave, de relaxamento;

- Pavimento de diversas texturas;

- Painel de luz e som, mudando a cor e o aspeto luminoso, pode ser utilizado para estimular os sentidos;

- Para jogos - piscinas de bolas e um mural táctil, coberto de objetos em diferentes materiais e formas destinado a estimular o toque;

- Puff de microbolas, chaise longue (cadeira), um colchão de massagens, uma cama de água e almofadões proporcionam o máximo conforto;

- Coluna de ar, que quando se liga liberta uma suave brisa de ar quente e mantém a temperatura constante;

- O espelho convexo, suspenso do teto ou preso à parede, oferece uma ampla e curiosa visão de tudo em redor, produzindo uma sensação de segurança;

- Lâmpada aromática, com ambientadores que emitem aroma;

- As colunas de luz, por onde sobem bolhas coloridas, e a bola de cristal (bola de espelhos com um foco), que faz girar a multiplicidade de luzes e cores num movimento lento, completam o ambiente edílico.

Não existem orientações uniformizadas para o funcionamento das Salas de Snoezelen, dado que os objetivos de cada sessão devem ser determinados pelas necessidades de cada indivíduo, procedendo-se a uma prévia seleção de materiais. Pode, ainda, ser possível, o indivíduo escolher e explorar os materiais que quer, designando-se a atividade como “livre”.

Ao trabalhar numa Sala Snoezelen, os materiais não deverão estar todos ligados em simultâneo, para que não se note excesso de estímulo. Os indivíduos incapacitados de escolher, estão condicionados às escolhas dos Técnicos.

A repetição é deveras importante, tendo em conta que alguns indivíduos não apreendem as sensações no primeiro estímulo. Esta metodologia ajudará os Técnicos a percecionarem as reações do indivíduo em relação ao material que está a ser utilizado, tendo o terapeuta que adotar uma atitude observadora, para perceber quais as atividades de eleição do indivíduo e, também, as que lhe causam desagrado. Isto leva à necessidade de se estabelecer uma relação interpessoal entre utente e terapeuta, tornando a sessão muito mais harmoniosa e profícua.

 Benefícios das Salas Snoezelen do AEG

Podemos considerar os Espaço Snoezelen do Agrupamento de Escolas de Gouveia (com localização na Escola Básica de Gouveia e na Escola Básica de Vila Nova de Tázem), uma mais-valia, transversal a todo o Agrupamento, enquanto processo de integração sensorial neurológico. Os aspetos espaciais e temporais de “inputs” das variadas modalidades sensoriais são decifradas, associadas e unificadas. Ou seja, verifica-se o processamento de novas informações do mundo que nos rodeia, para depois serem utilizadas no quotidiano de cada um.

A Integração Sensorial produz resultados positivos em défices de aprendizagem, descoordenação motora e em problemáticas de comportamento.

Para além dos benefícios obtidos pelos os alunos, também é uma mais-valia para os profissionais que os acompanham, pois torna-se útil para avaliar e intervir, de forma legítima e objetiva. Sendo indicada para várias problemáticas de desenvolvimento, tais como a paralisia cerebral, a hiperatividade, as dificuldades de aprendizagem, o atraso no desenvolvimento global, os défices sensoriais (defesa táctil, surdez), a dispraxia e outras doenças neurológicas, pensa-se que seja proveitosa e funcional nos indivíduos que estão privados de algum dos sentidos primordiais para o desenvolvimento.

Mas, o fundamental é acreditar que todos somos candidatos à frequência de uma Sala multissensorial!!!

 BIBLIOGRAFIA:

-Fonseca, V. (1988) Contributo para o Estudo da génese da Psicomotricidade. Editorial Notícias, Lisboa.

-Fonseca, V. (1992). Manual de Observação Psicomotora. Lisboa, Editorial Notícias

-Dados fornecidos, e não editados, num workshop de Snoezelen, realizado no CEDAACF, pela empresa Sem Barreiras, por Mirjiam Holst.

 

A Coordenadora das “Salas Snoezelen”,

Maria Dulce Baltazar Mendes Daniel


salasnozlan

laranja Vermelho Azul Verde Roxo